Médico que fez hidrolipo que matou mulher já foi processado 20 vezes
São Paulo – Josias Caetano dos Santos, médico responsável pela hidrolipo que acarretou na morte de Paloma Lopes Alves, de 31 anos, na última terça-feira (26/11), na zona leste de São Paulo, já foi processado ao menos 20 vezes por danos morais devido a erros médicos.
Em um desses casos, a Justiça condenou Josias ao pagamento de R$ 50 mil a uma antiga paciente – que alegou ter procurado o médico, em 2017, para fazer uma abdominoplastia e uma lipoescultura. A mulher conta que, após o procedimento, realizado em dezembro daquele ano, passou a sentir dores, mesmo seguindo todas as orientações pós-operatórias.
Na terceira semana depois da cirurgia, a mulher avisou ao médico sobre as dores, mas ouviu de Josias que deveria esperar. Enquanto aguardava, a paciente percebeu que seu umbigo estava ficando escuro e apresentava uma secreção, mas continuou sendo orientada a esperar.
A mulher afirmou, em processo movido contra Josias, em novembro de 2018, que, em janeiro daquele ano, acordou sentido dores mais fortes que o habitual e procurou o médico. Desta vez, Josias notou que a região operada estava necrosando e disse que a paciente deveria passar por uma raspagem – feita no mesmo dia.
No entanto, mesmo após o procedimento, a mulher continuou sentindo fortes dores e em fevereiro procurou o Hospital Santa Rita, localizado na zona sul de São Paulo, onde médicos constataram a necrose e disseram que a paciente tinha contraído uma infecção grave. Imediatamente, os médicos aplicaram antibiótico e encaminharam a mulher para a UTI – para controle e observação.
No processo de recuperação, a mulher perdeu o umbigo e ficou com cicatrizes na barriga. Ela afirmou no processo que, além de não obter os resultados esperados, o procedimento tornou o seu corpo pior do que era antes. A defesa dela pediu uma indenização de quase R$ 200 mil.
O acusado contestou a versão da paciente, alegando que a alertou sobre os riscos do procedimento cirúrgico. Além disso, Josias afirmou que notou a necrose em uma das consultas de retorno e posteriormente, ao perceber a piora do quadro, passou antibióticos para uso oral e recomendou que a mulher continuasse com os curativos.
Em fevereiro, ao ver que a autora piorou ainda mais, o médico afirmou em sua defesa que orientou a paciente a procurar um pronto-socorro. Ele disse que manteve contato com a mulher até maio de 2018 e que o resultado inesperado do procedimento estético “ocorreu por culpa exclusiva do organismo” da paciente.
O Metrópoles questionou a defesa do médico Josias sobre os processos. Ela afirmou que alguns dos casos foram arquivados pela polícia, por prescrição ou pelo fato de perícias médicas não apontarem erro no procedimento médico. Outros também foram arquivados pelo Conselho Regional de Medicina (CRM), que entendeu que a conduta do médico foi dentro da ética médica.
Além disso, a defesa, liderada pelo advogado Lairon Joe, também disse que Josias Caetano nunca foi condenado em qualquer esfera por erro em procedimentos cirúrgicos.
A reportagem questionou a defesa sobre o caso apresentado na matéria, mas não obteve retorno até o momento. O espaço segue em aberto.
Morte após hidrolipo
De acordo com o boletim de ocorrência (B.O.), obtido pelo Metrópoles, Paloma Lopes Alves, de 31 anos, sofreu uma parada cardiorrespiratória na clínica Maná Day, enquanto fazia a hidrolipo na região das costas e do abdome.
Segundo a SMS, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado às 12h42 da última terça (26/11) para socorrer a mulher.
Paloma foi atendida e conduzida à sala de emergência do Hospital Municipal Dr. Cármino Caricchio, no bairro Tatuapé. Na unidade de saúde, os médicos tentaram manobras de reanimação, mas a mulher não resistiu e morreu.
Ainda de acordo com a secretaria, a clínica de Josias Caetano não tinha licença sanitária para funcionar.
O B.O. revela que o primeiro contato de Paloma com o médico Josias Caetano, responsável pelo procedimento, foi no dia da hidrolipo em que sofreu a parada cardiorrespiratória.